quarta-feira, 11 de junho de 2008

Robôs cada vez mais Humanos!

A empresa Pal Technology exibiu nos Emirados Árabes o Reem-B, robô considerado um dos mais avançados no mundo e que reconhece seres humanos.

Durante a demonstração, o robô se locomoveu por um prédio sem a interferência das pessoas e mostrou-se capaz de segurar objetos e responder a comandos de voz. Ele até recebeu um presente do Sheik Mohammed bin Zayed al-Nahayan.

O Reem-B tem 1,47 m de altura e pesa cerca de 60 quilos.

Enquanto isso, já iniciaram experiências para comandar maquinas (ou Robos), via internet. A novidade é que o sistema funciona por comandos cerebrais, isso mesmo!

Uma macaca de 30 centímetros de altura e 5,5 quilos de peso fez com que um robô humanóide de 1,5 metro de altura e 90 quilos caminhasse sobre uma esteira rolante usando para comandá-lo o seu poder cerebral. A macaca estava na Carolina do Norte, e o robô no Japão.

Foi a primeira ocasião em que sinais cerebrais foram usados para fazer com que um robô caminhasse, disse o Dr. Miguel Nicolelis, neurocientista da Universidade Duke cujo laboratório concebeu e executou a experiência.

Em 2003, a equipe de Nicolelis provou que macacos poderiam usar apenas seus pensamentos para controlar os movimentos de um braço robotizado, levando-o a segurar um objeto.

As experiências, disse Nicolelis, representam os primeiros passos no desenvolvimento de uma interface entre cérebro e máquina, que poderia permitir que pessoas paralisadas voltassem a andar, controlando aparelhos com o pensamento. Eletrodos instalados no cérebro da pessoa enviariam sinais a um aparelho transportado à cintura, como um celular ou pager, que por sua vez transmitiria esses sinais a um par de sistemas de reforço, na forma de uma espécie de esqueleto externo, instalado nas pernas do paciente. "Quando a pessoa pensar em caminhar", disse o cientista, "ela sairá andando".

ichard Andersen, especialista em sistemas como esse no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, não esteve envolvido na experiência, e a define como "um avanço importante para conseguir locomoção por meio de uma interface entre o cérebro e uma máquina".

Outro especialista, Nicho Hatsopoulos, professor da Universidade de Chicago, disse que a experiência é "um desdobramento empolgante. E o uso do exoesqueleto pode ser bastante frutífero".

A interface entre cérebro e máquina é qualquer dispositivo que permita que pessoas ou animais empreguem sua atividade cerebral para controlar um dispositivo externo. Mas até que sejam desenvolvidas maneiras seguras de implantar eletrodos no cérebro humano, a maior parte das pesquisas continuará a envolver animais.

Em preparação para a experiência, Idoya foi treinada para caminhar ereta em uma esteira rolante. Ela segurava as barras de apoio com as mãos e recebia recompensas em forma de passas e salgadinhos ao caminhar em diferentes velocidades, para frente e para trás, por 15 minutos ao dia, três dias por semana, nos dois meses anteriores à experiência.

Enquanto isso, eletrodos implantados na chamada "área das pernas" do cérebro de Idoya registravam a atividade dos 200 ou 300 neurônios acionados quando ela se movimentava. Alguns neurônios mostravam atividade quando ela movia os tornozelos, joelhos ou bacia. Outros quando seus pés tocavam o chão. E alguns eram ativados em antecipação dos movimentos.

Para obter um modelo detalhado dos movimentos de Idoya, os pesquisadores também pintaram seus tornozelos, joelhos e as juntas da bacia com maquiagem fluorescente de palco e, usando uma câmera especial de alta velocidade, capturavam seus movimentos em vídeo.

Os vídeos e registros de atividade cerebral foram então combinados e traduzidos a um formato legível em computador. O formato é capaz de prever com 90% de precisão todas as permutações dos movimentos das pernas de Idoya cerca de três ou quatro segundos antes que eles aconteçam.

Na quinta-feira, Idoya, parecendo alerta e pronta para o trabalho, pisou em sua esteira rolante e começou a caminhar em passo firme. Ela tinha eletrodos implantados no cérebro. O ritmo de sua caminhada e os sinais de seu cérebro foram recolhidos, transmitidos a um computador e, de lá, por uma conexão de Internet de alta velocidade, ao robô, em Quioto, no Japão.

O robô, conhecido como CB (Computational Brain) tem capacidade de movimento semelhante à dos seres humanos. É capaz de dançar, se agachar, apontar e "sentir" o chão com sensores instalados nos pés; ele não cai quando empurrado.

Projetado por Gordon Cheng e seus colegas no Laboratório de Neurociência Computacional ATR, em Quioto, o robô foi escolhido para a experiência devido à sua capacidade extraordinária de imitar a locomoção humana.

À medida que os sinais do cérebro de Idoya chegavam aos servomotores do CB, o trabalho da macaca era fazer com que o robô caminhasse em passo firme, por meio de sua atividade cerebral. Ela via a traseira das pernas do robô em uma tela gigante postada diante de sua esteira rolante, e recebia guloseimas se conseguisse sincronizar mais o movimento das pernas do robô ao das suas.

O robô e Idoya mantiveram exatamente o mesmo passado durante a experiência. Registros da atividade cerebral da macaca revelam que seus neurônios se ativavam a cada vez que ela dava um passo e a cada vez que o robô dava um passo. "Está andando!", comentou Nicolelis. "É um pequeno passo para um robô mas um salto gigantesco para um primata".

Depois de uma hora de experiência, os cientistas trapacearam Idoya e paralisaram sua esteira rolante. "Mas os olhos dela se mantiveram concentrados nas pernas do CB", disse Nicolelis, e o robô continuou caminhando, o que valeu a Idoya muitas guloseimas.

Quando os sinais do cérebro de Idoya estavam fazendo o robô caminhar, alguns de seus neurônios controlavam suas pernas, e outros as do robô. Depois de uma hora de prática e estímulo visual, estes últimos se sincronizaram completamente ao robô.

Segundo Nicolelis, a visão é um sinal poderoso e dominante no cérebro. O córtex motor de Idoya, que recebeu o implante dos eletrodos, havia começado a absorver a representação das pernas do robô como se elas pertencessem à macaca.

Tradução: Paulo Migliacci ME - The New York Times

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The New York Times


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